04 janeiro 2024

HETERONOMIA VERSUS AUTONOMIA: EIS A QUESTÃO

 HETERONOMIA VERSUS AUTONOMIA: EIS A QUESTÃO

         A humanidade desde os seus primeiros momentos do seu nascedouro, através da cultura transmitida de geração a geração, tem assimilado conceitos ideológicos os mais diversos possíveis, sendo que os conceitos religiosos têm sido, ao longo do tempo, os mais influentes e responsáveis por controlar multidões submissos a ideologias que se baseiam em ensinamentos de promessas de recompensas no futuro ou no castigo para aqueles que não obedecem tais conceitos ideológicos.

          Entende-se como necessárias tais ideias para que haja um controle social a fim de melhor harmonização da coletividade da comunidade do reino hominal.

            Quando fazemos uma observação com relação ao número populacional do mundo, a saber, oito bilhões de habitantes, vemos que, aproximadamente, a metade da população Mundial está sendo educada dentro da visão heterônoma, visão essa que se baseia no ensinamento da "moral como sinônimo de submissão a um Deus que castiga e condena por toda a eternidade aqueles que ousam enfrentar suas ordens, perdoando e deixando todas as recompensas aos obedientes e submissos quando chegassem ao fim do mundo". Mais, ainda, da existência de um Deus antropomórfico, cujas características humanas fazem parte dos atributos da divindade. Como exemplo podemos citar: deus que sente ciúme, que se arrepende, que erra, que sente alegria, que sente raiva, que se contradiz etc. Um deus que castiga de forma impiedosa àqueles que lhe desobedecem e promete recompensas futuras para quem se comportar como é ensinado pela teologia dogmática. Analisando bem essa questão, chegamos a conclusão que  é um equívoco muito grande sobre a compreensão de Deus por parte das diversas religiões, pois o Verdadeiro Deus é a Inteligência Suprema e a causa primária de todas as coisas. É Eterno, Imutável, Onisciente, Onipresente, Onipotente, Soberanamente Bom e Justo.

           Portanto, a teologia do medo cuida de controlar multidões e, quanto menos conhecimento o indivíduo tenha, melhor se apresenta para ser controlado. O conhecimento é libertador. O próprio Cristo exortou que "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". A verdade aqui é o conhecimento que deve está livre das amarras que foram criadas pela teologia dogmática. 

               Portanto, o homem tem o livre arbítrio e desta forma tem a capacidade de fazer escolhas que considerar importantes para o seu desenvolvimento. No conceito da heteronomia, o homem é apenas um ser que obedece as determinações de outrem.

              O medo do castigo ou em busca de uma recompensa no futuro do além túmulo, torna o homem submissos a regras e, de certa forma, dificulta o seu crescimento moral.

            Afinal, como poderia ser possível a transformação da humanidade para que possa haver uma renovação social e a humanidade adquirir maturidade? Através da mudança do paradigma da heteronomia para o paradigma da autonomia moral, ou seja, os indivíduos se reconhecerem livres e responsáveis, agindo de forma solidária ao seguir à lei presente em sua consciência.

            O ser humano precisa se trabalhar para se melhorar a cada dia que passa. Ouvindo a voz da sua própria consciência, saberá como proceder e caminhará pelo caminho seguro a fim de cumprir com sua missão de vida. As Leis de Deus estão guardadas na consciência de cada um de nós. Quando o homem se distancia dessas Leis, sua consciência se responsabilizará de aplicar a sentença a fim de que o próprio homem possa se reorientar e se harmonizar com o universo.

           A maçonaria, como instituição universal, tem a sua importância na formação moral do seu quadro de obreiros, pois defende a liberdade no seu sentido mais amplo, para que o homem possa trabalhar o seu crescimento intelectual e moral a fim de melhor está preparado para a sua grande obra que é edificar o edifício social.

               Neste sentido, é uma instituição que condena a intolerância religiosa, pois reconhece a importância de cada organização ou doutrina religiosa na formação moral do povo, porem compreende que a humanidade necessita de liberdade para poder fazer as sua escolhas a partir da autonomia moral.

            O conhecimento maçônico empodera os seus membros e os fazem perceber a necessidade da autonomia moral já que todos são livres pensadores e conscientes de suas responsabilidades diante da comunidade onde estão inseridos. 

         Conclui-se que o Grande Arquiteto do Universo não pode ser compreendido como um deus antropormórfico (descrito ou concebido sob uma forma humana ou com atributos humanos), mas como "A Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas". 


Ozéias Caetano da Silva

Acadêmico titular da Cadeira nº 08

Patrono: José Bento Renato Monteiro Lobato