REFLEXÃO
SOBRE O DIA DESTINADO AOS MORTOS
Inicio minha reflexão sobre este dia fazendo um
resgate histórico do porquê deste
dia, onde surgiu e qual seu objetivo.
Para isso transcrevo aqui um resumo
feito por Claudio Fernandes em artigo publicado no site mundo e educação.
“O Dia de Finados é celebrado em 02 de novembro no
mundo ocidental. Isso ocorre desde a Idade Média, após essa data ter sido
sugerida pelo abade Odilon de Cluny.
Em toda cultura ou civilização houve uma atenção
especial dirigida aos mortos, quer essa atenção (ou esse “cuidado”) esteja
relacionada a alguma religião, quer não. Observam-se ao longo da história
diversos ritos de sepultamentos, como a cremação, a mumificação, o enterro em
covas e em urnas de cerâmica ou de pedra, bem como a deposição do corpo dos
mortos em mausoléus.
Grandes monumentos como as pirâmides de Gizé e o
Taj Mahal foram erguidos para acomodar os restos mortais de pessoas ilustres.
No mundo ocidental, o dia 02 de novembro é dedicado à memória dos mortos. Esse dia, popularizado pela tradição católica,
foi instituído no período da Baixa Idade Média.
Como surgiu o Dia de Finados?
O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na
abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon
[962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02
de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles
que já se foram. A ação de
Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a
perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando
por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.
No estado de purgação, as almas necessitam, segundo
a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a
misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal
mediador, o Deus Filho, Jesus Cristo. Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao
XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na
Europa, ficando conhecida pela alcunha de “Dia de todas as Almas”. Essa prática
remonta ao período do cristianismo primitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos pelo
Império Romano enterravam e
rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.
Com a descoberta da América e o processo
de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular.
Nos dias atuais,
apesar do grande processo
de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados
continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já
se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos
cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.” Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-finados.htm (acessado em 02/11/2022)
Agora conhecendo o motivo desta data, venho trazer
minhas reflexões sobre este dia. Sabemos que a
morte é um grande mistério,
passado por todas as civilizações desde o início do pensamento, tudo aquilo que
não conseguimos explicar atribuímos a um mistério e geralmente batizamos estes
mistérios com nome de deus. Em todas as civilizações percebemos isso com as
diversas características e nomenclaturas que são dadas a seres divinos. Mas
falar de divindade é assunto para outro tema, me atenho apenas a falar sobre o
dia dedicado aos mortos, que como vimos este dia é destinado a uma prática
ocidental.
Para falarmos de morte precisamos falar de vida, e
com isso me ponho a refletir porque temos um dia dedicado aos falecidos e não
temos um dia dedicado a vida? Todas as datas que poderíamos justificar a celebração da vida, a meu ver são subjetivos, pois todos eles já têm um porquê de existir. Toda reflexão
feita só me chega a um denominador comum, que a celebração da vida ficaria
em celebrar a data do nosso nascimento, e isso é realmente interessante, sobretudo porque temos uma data específica para este acontecimento, diferentemente da data oposta que
não sabemos o dia que iremos perder o sopro da vida. Isso mesmo vejo a vida
como um sopro, algo leve e simples, já escutei o termo o “sopro divino”, porém me apego apenas a leveza do
sopro onde vivos somos luz para o mundo e para as pessoas
e com um sopro perdemos
esta luz.
Confúcio já dizia "Para quê preocuparmo-nos
com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro."
O mais importante para mim é celebrarmos os
momentos que vivemos, realizarmos com maestria tudo aquilo que nos pré-dispomos
a fazer, sobretudo porque devemos vivenciar com intensidade e sentido todas
nossas ações, fazer as coisas sem sentindo é viver no piloto automático.
Passado deste estado o que tem no outro estado? Ninguém sabe! Por mais que algumas
religiões tentem explicar,
sempre será dogmas.
Portanto viver e deixar nossa história escrita no universo deve ser
nossa missão. Homenagear e lembrar das pessoas a quem desejamos homenagear para
mim só serve enquanto estamos vivos, não faz sentido homenagear após morte, o
homenageado não sentirá nada. Todo nosso exemplo e ações ficará na memória das pessoas que experimentaram uma relação
interpessoal conosco ou com que deixaremos de legado.
"A morte não é nada para
nós, pois, quando existimos, não existe a morte,
e quando existe a morte, não existimos mais" (Epicuro). Assim concluo o
ponto inicial desta reflexão tão complexa que é refletir sobre a morte,
enquanto escrevo estas poucas palavras, vem em minha mente diversos eixos de
partida para continuar com a reflexão, pontos como a dor da perda, saudade, legado,
aproveitamento do tempo,
registro de momentos, e
vivenciar momentos. Enfim, é um tema amplo para um bom debate que pode ser
doloroso para aqueles que já experimentaram a perda com a morte de alguém
querido.
Desejo a você leitor muito axé!
"Mas eis a hora de partir: eu para
morte, vós para a vida. Quem de nós segue
o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses."
Sócrates
JOSÉ WALLAS
DE OLIVEIRA COSTA, 22°
CADEIRA 29 - Presidente da ACML