BIOGRAFIA DE HUMBERTO DE CAMPOS - PATRONO DA CADEIRA DE Nº 06 - ACADÊMICO SANDRO ÂNGELO DE ARAÚJO OLIVEIRA E VASCONCELOS VILA NOVA
Amados irmãos e confrades acadêmicos da ACML, quero poder iniciar esta singela exposição pedindo acuidade na atenção sobre a biografia do patrono da cadeira de numeral seis, dentre as trinta e três de nossa distinta casa de conhecimento maçônico, Humberto de Campos, que por mim era um “ilustre desconhecido” (e digo sem orgulho e sem vexame, pois vim a conhecê-lo apenas ao ser admitido entre esta plêiade de irmãos destacado, no recente dia vinte e oito de outubro do corrente ano, por ocasião da posse da atual Diretoria para o biênio 2021-2023). Apesar desse demasiado atraso, hoje, com felicidade, posso dizer que é uma presença em minha biblioteca, para além da cabeceira de minha cama, como o foi nesses últimos meses. Conhecer esse poeta, contista, crítico literário, cronista, memorialista, escritor, jornalista, político, e, enfim, esse imortal na Academia Brasileira de Letras, foi, e é, uma descoberta enriquecedora!
Humberto de Campos Veras nasceu na cidade maranhense de Miritiba, que margeia o Rio Piriá, no dia 25 de outubro de 1886. Desde o início da vida teve de enfrentar desafios que o forjaram como um ser destinado a superações. Seu pai faleceu quando ele contava seis anos de idade, e essa perda fez a família migrar para a capital do Estado, tendo ele, ainda novo, trabalhado no comércio de São Luiz, para a subsistência familiar. Já quase na maioridade, tinha dezessete anos quando mudou-se para o Pará, onde iniciou carreira de jornalista no Folha do Norte e, em seguida, no Província do Pará. Transferiu-se, no ano de 1912, para o Rio de Janeiro, à época o Distrito Federal, trabalhando no O Imparcial, junto a Goulart de Andrade, Ruy Barbosa e outras proeminências intelectuais e das letras na capital federal. Como cronista e contista adotou o pseudônimo de Conselheiro XX, com mais frequência entre os outros que usava: Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Bathu-Allah, Micromegas e Hélios, que serviam de pálio para suas publicações mais ácidas e críticas aos poderosos e até colegas de profissão. Contudo, sua trajetória controversa o distingue dos pares. Em 1920 foi eleito deputado federal pelo Maranhão, sendo reeleito para outros mandatos, mas tendo o mandato cassado, em 1930, com a revolução/golpe que acabara com a chamada Política do café-com-leite, com a ascensão de Getúlio Vargas (com o assassinato de seu candidato a vice-presidente, João Pessoa, pela Aliança Liberal, deflagrou-se o levante). Apesar das divergências, sendo admirador de seu trabalho, o presidente o nomeia Inspetor de Ensino na e, de depois do Museu Casa de Rui Barbosa, encerrando sua carreira eleitoral. Em 1950, a revista O Cruzeiro publica boa parte de seu diário secreto, com registros a respeito de pessoas de grande notoriedade nas letras, política e sociedade de sua época, incluindo Machado de Assis, Getúlio Vargas, Olavo Bilac, e outros, onde os motivos para a adoção de pseudônimos ficaram claros.
Autodidata e leitor voraz, teve uma produção de mais de quarenta volumes, com grande ênfase na crônica, sem olvidar de sua poesia, dentre a qual se destaca aqui versos de Nirvana (livro Poeira, de 1910): “Viver assim: sem ciúmes, sem saudades, sem amor, sem anseios, sem carinhos, Livre de angústias e felicidades, Deixando pelo chão rosas e espinhos; Poder viver em todas as idades; Poder andar por todos os caminhos; Indiferente ao bem e às falsidades, Confundindo chacais e passarinhos; Passear pela terra, e achar tristonho Tudo que em torno se vê, nela espalhado; A vida olhar como através de um sonho; Chegar onde eu cheguei, subir à altura Onde agora me encontro - é ter chegado Aos extremos da Paz e da Ventura!” Há também o belíssimo poema, de 1896, sobre um cajueiro, quando na cidade de Parnaíba/PI, onde foi residir quando criança, com sua mãe depois desta enviuvar e onde fez seus primeiros estudos, obra que ilustra a vivência do valor amizade, que merece uma menção de destaque, mas deixarei de reproduzir neste texto, a fim de aguçar nos confrades a vontade na busca por esse gênero e por essa obra.
Humberto de Campos, em vida, teve reconhecidos seus méritos, sendo lido por muitas e muitas pessoas, incluídas personalidades ilustres. Com 48 anos de idade, em 5 de dezembro 1934, em função de uma intercorrência cirúrgica, cumpriu o seu ciclo. Após seu falecimento, os cidadãos da cidade de Miritiba passaram, a partir de instrumento normativo datado do dia 13 de dezembro de 1934, a ser designados pelo gentílico de humbertoenses, uma vez que a terra que o viu vir à luz passou a ser denominada com seu nome, em virtude do legado que deixou para toda a população do país.
Há algumas curiosidades sobre esse patrono: Com 15 livros publicados pela Federação Espírita Brasileira, após um episódio judicial pela obra Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, com resultado favorável à FEB e a Chico Xavier, Humberto de Campos, por precaução, em 1944, passou a adotar como assinatura Irmão X, nas psicografias do eminente médium; No filme “Divaldo, O mensageiro da paz” (2019), o espírito de Humberto de Campos auxilia o médium Divaldo Franco em uma cena; e o cajueiro continua vivo...
Agradecido pela atenção, quedo-me à disposição de cada um dos irmãos.
Sintam
meu abraço fraternal e triplo.
S.V.N.
Casou-se
com Catharina de Paiva Vergolino e teve três filhos: Henrique, Humberto Filho e
Maria de Lourdes.
Humberto
de Campos filho escreveu uma biografia intitulada “Irmão X, meu pai”. Infelizmente, ainda, não tive aceso a essa
obra.
No
dia 8 de maio de 1920, terceiro a ocupar a Cadeira nº 20, cujo patrono é
Joaquim Manoel de Macedo, HUMBERTO DE CAMPOS foi admitido na Academia
Brasileira de Letras (ABL).
REFERÊNCIAS
(Livros, fontes
de dados, notícia jurídica, entrevista e vídeos)
Boa Nova
<https://docplayer.com.br/69755851-Francisco-candido-xavier-boa-nova-pelo-espirito-humberto-de-campos.html>
Brasil Coração
do Mundo, Pátria do Evangelho
<https://drive.google.com/file/d/0B9CFzVtKHMeYcFc4SEZHTzA5ZTg/view?resourcekey=0-p4raxMj1EgpdNrWK66_ArA>
Academia Brasileira
de Letras (ABL)
Fundaçaõ
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
http://www.oconsolador.com.br/ano13/642/especial.html
https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-vasovagal/
https://www.youtube.com/embed/EWgSQUv8OgQ
https://www.youtube.com/watch?v=SrztgxDSagk
https://www.youtube.com/watch?v=qAPlqqYpOAg
https://www.youtube.com/watch?v=V5vgyTiuKSo
https://www.youtube.com/watch?v=-smqMVJCIpM
https://www.espiritismo.tv/documentarios/humberto-de-campos-o-imortal-da-boa-nova/
http://www.estacaoluzfilmes.com.br/producoes/divaldo-o-mensageiro-da-paz/
https://www.youtube.com/watch?v=CGGu28xBg3w
https://www.youtube.com/watch?v=clSiwsJZXDU
Trabalho apresentado em sessão acadêmica do dia 05 de dezembro de 2021, pelo acadêmico Sandro Ângelo de Araújo Oliveira e Vasconcelos Vila Nova.
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