31 outubro 2022

DIA DE FINADOS: UMA REFLEXÃO

 

DIA DE FINADOS: UMA REFLEXÃO

        A saudade bate à porta quando lembramos dos nossos entes queridos que partiram para o mundo espiritual e no dia 2 de novembro (dia de finados) é um dia onde podemos fazer nossas homenagens, lembrando esses familiares ou pessoas amigas e de tudo o que fizeram para o nosso bem durante o tempo em que conviveram conosco, nesta vida. Muitas pessoas relembram a morte e choram pela morte dos seus amigos e parentes. O importante é que nós não nos esqueçamos daqueles que muito trabalharam e lutaram para que nós fôssemos o que somos hoje.  

            Ouve-se, também, reflexões que o Dia de Finados não é importante e que é, uma certa perda de tempo, parar as atividades nesse dia e fazer uma visita ao cemitério ou mesmo fazer uma reunião familiar para lembrar dos familiares que nos antecederam. Enfim, será mesmo importante e necessário essa memória para o presente momento? e a morte, ela realmente ocorre? ela é real? quem morre? o corpo ou o espírito?

             A morte é apenas do corpo físico, da matéria, pois o corpo físico depois da morte volta ao pó de onde se originou, visto que a matéria procede da matéria. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3.6)Logo, entendemos que se o homem é somente matéria ele tem a morte como garantia no seu futuro. E, se morreu, acabou.

              No entanto, o homem é animado, coordenado, guiado por uma centelha divina que chamamos Espírito e que o corpo físico é apenas uma vestimenta para o Espírito. Quando o Espírito sai do corpo ele, na verdade, fica sem vida, ou seja, fica morto. Logo a inteligência, os pensamentos, os sentimentos, as emoções, os projetos são do Espírito e não do corpo físico.  Diante desta reflexão, chegamos à conclusão de que o jornalista José de Paiva Neto tem razão quando afirma: "os mortos não morrem", pois quem morre é a matéria que não passa de um invólucro da Alma (Espírito).

              Portanto, a morte, na verdade, não existe, visto que o Espírito é imortal, pois é uma centelha divina que habita os corpos humanos, quem dirige os passos do nosso dia a dia e faz termos uma ligação direta com o Grande Criador Incriado, o qual chamamos de Deus. O corpo é corruptível (mortal), assim afirmou Paulo de Tarso, o Apóstolo, mas o Espírito é incorruptível porque procede da parte de Deus e o que Deus criou tende a alcançar a perfeição, pois sendo Deus perfeito, jamais criou coisa alguma imperfeita, porém deixou que de posse do livre arbítrio o homem faça suas escolhas e, através da responsabilização dos seus atos, encontre o seu verdadeiro status quo como perfeitos. O próprio Cristo assim exortou a todos que o ouviam: "sede perfeitos como meu Pai é Perfeito" (Mateus 5:48). Portanto, a perfeição será alcançada pelo merecimento de cada pessoa por meio das escolhas que fizer durante a sua jornada de vida na terra.

              A morte é apenas do corpo material, sendo assim, nossos amigos, nossos familiares, nossos inimigos, seja quem for que passou pela experiência que chamamos morte, não está morto, pois o Espírito não morre e devem ser lembrados por nós que nos consideramos "vivos" todos os dias e, no dia de Finados, é um dia especial para rendermos homenagens, reconhecendo a importância dessas pessoas na construção do mundo que temos hoje. Gratidão por tudo que passou, por tudo que viveu, por tudo que conheceu, gratidão sempre. 

               As experiências de vida dos nossos antepassados, o legado deixado, as histórias etc, estão presentes na nossa memória. Os conselhos, as exortações e o sentimento que temos que estamos sendo acompanhados ou esperados na eternidade por aqueles que partiram antes de nós, dar-nos a certeza que essas pessoas não morreram, pois fazem parte do nosso presente através dos nossos, sonhos quando dormimos, ou mesmo da percepção que em muitos momentos temos que sempre tem alguém por perto de nós a nos proteger e a nos guiar. Basta cada um de nós prestar bem a atenção que vai perceber que por mais que você se encontra sozinho em algum lugar tem sempre alguém que está ao nosso lado e isso o Apóstolo Paulo também afirmou quando disse que estamos cercados de uma grande quantidade de testemunhas. "Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas..." Hebreus 12:1, Primeira Parte. Essas testemunhas são, na verdade, seres que residem no mundo espiritual. Neste caso, há espíritos que nos fortalece e nos ajuda nas nossas batalhas diárias, mas, também, há espíritos que estão numa posição inferior que pode nos atrapalhar, nos incomodar e, isso poderá ocorrer, caso permitamos que esses espíritos entrem na nossa sintonia. Logo, devemos ter o cuidado para elevarmos o nosso nível moral e, assim estaremos sendo influenciados apenas por bons espíritos que trabalharão para o nosso crescimento e melhoramento vibratório.

          Enfim, que neste dia de Finados possamos refletir melhor e considerar como importante e fundamental o respeito por aqueles que partiram e não mais estão convivendo conosco. Lembremos dos bons ensinamentos, dos bons conselhos, das boas brincadeiras, mas, também, das broncas que nos deram, dos puxões de orelhas, das palavras ditas que na época não gostamos de ouvir. Se deixaram traumas, que procuremos perdoar, conforme nos ensinou São Francisco de Assis "é perdoando que se é perdoado e morrendo que se vive para a vida eterna", logo, a morte é uma passagem para a vida espiritual é, na verdade, a ressurreição do espírito para o verdadeiro mundo do espírito.

                Que o nosso choro de saudade seja transformado no choro da alegria de sabermos que um dia vamos nos reencontrar para vivermos novas experiências. Que nossa esperança seja mais fortalecida e nossos sentimentos de amor para com o próximo seja multiplicado para que, assim, possamos construir um mundo novo onde o amor ao próximo seja uma realidade e que o mal seja aniquilado. 

              Eis uma poesia escrita pelo poeta Alziro Zarur (1914-1979), Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo (LBV), o ilustrativo e confortador Poema do Imortalista:


“Dois de novembro é um dia, na verdade
“Rico em lições para quem sabe ver:
“A maior ilusão é a realidade,
“Já ensinava o excelente Paul Gibier.

“Os vivos (pseudovivos) levam flores
“E lágrimas aos mortos (pseudomortos);
“E os mortos se comovem ante as dores
“Dos vivos a trilhar caminhos tortos.

“Legítimos defuntos, na ignorância
“Desses espirituais, magnos assuntos,
“Parece que ‘inda estão em plena infância,
“E vão homenagear falsos defuntos.

“Não é preciso ser muito sagaz
“Para sentir que a vida tem seus portos:
“Um dia, o Cristo disse a um bom rapaz
“‘Que os mortos enterrassem os seus mortos’.

“Amigos, por favor, não suponhais
“Que a morte seja o fim de nossa vida;
“A vida continua, não jungida
“Aos círculos das rotas celestiais.

“Os mortos não estão aí, cativos
“Nos túmulos que tendes ante vós:
“Os finados, agora, são os vivos;
“Finados, mais ou menos, somos nós”.

Ozéias Caetano da Silva, 33º

Acadêmico da ACML

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